05 de Dezembro de 2012 - Oscar Niemeyer, o revolucionário "pai"
de Brasília e que deixou sua marca na história da arquitetura mundial,
morreu nesta quarta-feira no Rio de Janeiro aos 104 anos - a dez dias de
completar 105 - e deixou um enorme vazio na profissão que ocupou até
praticamente o último dia de sua vida.
Revolucionário em seus desenhos e em sua ideologia, Niemeyer
defendeu uma fé inquebrantável no comunismo em muitas de suas obras por
todo o mundo, com as quais buscou contribuir à construção de uma
sociedade mais justa e igualitária.
Ele gravou sua marca comunista com sutileza em obras como a igreja
da Pampulha, em Belo Horizonte, cujas sinuosas curvas lembram uma foice e
um martelo, o que levou a Igreja Católica a desconfiar e a atrasar a
consagração do templo por uma década.
O símbolo socialista também ficou marcado de forma ainda mais ousada
no mausoléu do ex-presidente Juscelino Kubitschek, que foi construído
em Brasília quando o país era governado por uma ditadura militar que o
obrigou a se exilar entre 1967 e 1982, na maior parte do tempo em Paris.
Ao lado do urbanista Lúcio Costa, outro stalinista declarado,
Niemeyer criou do nada Brasília, capital do país desde 1960 e que ambos
queriam transformar em uma cidade ideal.
A contragosto com a evolução da capital e também por seu medo
congênito de voar, Niemeyer não participou, em abril de 2010, da festa
do 50º aniversário da cidade, declarada Patrimônio da Humanidade pela
Unesco.
"Depois que Brasília foi inaugurada, vieram os homens do dinheiro,
do capital, e tudo mudou. Chegaram a individualidade e a vaidade mais
detestáveis, e os hábitos mudaram gradualmente, para adquirir aqueles da
burguesia que reprovamos", comentou Niemeyer em função do
cinquentenário da capital.
De suas pranchas surgiram os palácios, edifícios de governo, a
catedral e os principais edifícios desta cidade que, da mesma forma que o
resto de sua obra, são marcados por curvas atrevidas e sensuais, e que
combinam funcionalidade e beleza plástica.
Em um documentário sobre sua vida, o arquiteto afirmou que sempre
que é encarregado de projetar um edifício, tenta fazê-lo "bonito,
diferente e que gere surpresa", para que os pobres possam desfrutar de
sua arte.
Pioneiro no uso do concreto armado como um elemento dútil com
funcionalidade artística, Niemeyer foi convidado em 1947 a fazer parte
da comissão de arquitetos que elaborou a sede das Nações Unidas em Nova
York, liderada por Le Corbusier, seu mentor.
Desde esse projeto, o brasileiro sempre explorou uma arquitetura
livre que foge do excessivo racionalismo e usou e abusou das curvas, com
as quais buscou refletir o perfil feminino e romper com todo tipo de
convenção.
Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho nasceu no Rio de
Janeiro em 15 de dezembro de 1907 em uma família religiosa e de boa
situação financeira.
Casou-se aos 21 anos com Anita Baldo, com quem compartilhou 75 anos
de vida e teve sua única filha, Ana Maria, que lhe daria cinco netos e
13 bisnetos e faleceu em junho deste ano, aos 82 anos.
Em 2006, dois anos após ficar viúvo e aos 98 de idade, casou-se de
novo, escondido de sua família, com Vera Lúcia Cabreira, que foi sua
secretária durante décadas e é 40 anos mais jovem que ele.
Vera Lúcia foi sua companheira e mais ciumenta protetora nestes
últimos anos de sua vida, nos quais recebeu muitos prêmios e
reconhecimentos, sem que parassem de chegar pedidos de projetos a seu
escritório no Rio de Janeiro.
Entre muitos prêmios, Niemeyer recebeu em 1988 o Pritzker, maior
reconhecimento no mundo da arquitetura; o Lênin da Paz (1963), o
Príncipe das Astúrias (1989), o Leão de Ouro da Bienal de Veneza (1996),
o Unesco da Cultura (2001) e a Ordem das Artes e Letras do Governo da
Espanha (2009).
Apesar de seus problemas de saúde, o infatigável Niemeyer trabalhou
até seus últimos dias em diversos projetos e, às vésperas do carnaval
deste ano, visitou o sambódromo do Rio de Janeiro, outra de suas
criações, para conferir as obras de ampliação.
Vejamos algumas das Principais obras desse Artista, ícone da arquitetura moderna Oscar Niemeyer.
Catedral de Brasília.
Sede da ONU (EUA)
Museu Oscar Niemeyer.
Palácio do Planalto.
Edifício do Supremo Tribunal Federal.
Congresso Nacional.
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