A dois dias do início da cúpula da Rio+20, em que mais de cem chefes
de Estado discutirão o futuro do planeta, o IBGE divulgou nesta
segunda-feira, 18, a pesquisa Indicadores de Desenvolvimento Sustentável
2012. Entre outros dados, traça o retrato do desmatamento no País. Pela
primeira vez o IBGE apresenta os dados de devastação de todo o
território, para além da Amazônia.
Paulo Liebert/AE
De 1,8 milhão de km² de Mata Atlântica, sobraram 149,7 mil km²
Os indicadores revelam que estão preservados apenas 12% da área
original da Mata Atlântica, o bioma mais devastado do País. De 1,8
milhão km², sobraram 149,7 mil km². A área desmatada chega a 1,13 milhão
km² (88% do original) _ quase o Estado do Pará e mais que toda a região
Sudeste. Os dados se referem ao ano de 2010. Depois da Mata Atlântica, o
Pampa gaúcho é o mais desmatado: perdeu 54% de sua área original, de
177,7 mil km² até 2009.
A devastação do Cerrado, segundo maior bioma do País, chegou a 49,1%
em 2010. Na edição anterior dos IDS, divulgada há dois anos, o IBGE
havia apontado devastação de 48,37% do Cerrado. Em dois anos, foram
desmatados 52,3 mil km² _ quase o Estado do Rio Grande do Norte.
A caatinga perdeu 45,6% de seus 826,4 mil km² originais. O Pantanal é
o menor e mais preservado bioma: perdeu 15% da área total de 150,4 mil
km². As informações referem-se a 2009.
O IBGE apresentou os índices de desmatamento de todos os biomas
extra-amazônicos, já que a Amazônia tem um monitoramento específico,
mais antigo e mais detalhado.
Biomas são territórios com ecossistemas homogêneos em relação à
vegetação, ao solo, ao clima, à fauna e à flora. O Brasil é dividido em
seis biomas. A pesquisa do IBGE chama atenção para o fato de que o
desmatamento, além dos danos ao solo, aos recursos hídricos e às
espécies de fauna e flora, aumenta as emissões de gás carbônico na
atmosfera.
"O monitoramento dos biomas brasileiros torna-se indispensável não só
para sua preservação como para qualquer tipo de intervenção ou lei que
pretenda regular o uso dos recursos naturais no Brasil. A partir dos
levantamentos de desmatamentos e áreas remanescentes, o Brasil saberá
onde estão as áreas que precisam ser recuperadas e as que poderão servir
às atividades econômicas, sem abertura de novas áreas", diz o estudo.
Por ser o bioma mais devastado, a Mata Atlântica também tem o maior
número de espécies da fauna extintas ou ameaçadas de extinção: cerca de
260. No total, o IBGE apontou nove espécies extintas, 122 espécies
criticamente em perigo, 166 em perigo e 330 vulneráveis.
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