Uma quantidade crítica de gelo no Oceano Ártico derreteu este ano a níveis inéditos, confirmou o National Snow and Ice Data Center (NSIDC), dos Estados Unidos, nesta segunda-feira (27).
De acordo com suas medições, a extensão da cobertura de gelo do Ártico chegou a 4,09 milhões de km 2 , e é bem provável que mais gelo ainda derreta nas próximas semanas. Este dado quebra o recorde anterior, de 4,17 milhões de km 2 , estabelecido em 2007.
A região do Polo Norte é um oceano cuja superfície é coberta de gelo. No inverno do Hemisfério Norte, a água congelada cobre uma área de de cerca de 15,54 milhões de km 2 , encolhendo durante o verão e depois aumentando de novo no outono. É uma dinâmica diferente da da Antártida, que é continente coberto de gelo e cercado de gelo marinho.
O gelo marinho ártico chega na sua extensão mínima em meados de setembro, e começa a recongelar. Mas os níveis chegaram noúltimo domingo (26) a 69.930 km 2 além do recorde antigo, registrado desde 1979.
Ted Scambos, do NSIDC disse que apesar de alguns fatores naturais terem contribuído, a causa principal do degelo recorde é, sem sombra de dúvida, as mudanças climáticas causadas pela emissão de gases de efeito estufa.
"Estes dados realmente implicam que o Ártico está mudando", afirmou outro pesquisador, Tom Wagner, do programa de sistemas de gelo da Nasa.
Wagner e Scambos afirmam quem chegou-se a acreditar que 2007 havia sido uma exceção, mas a sequência de dados mostra que algo maior está acontecendo. O recorde de 2012 pode ser um indicativo forte que estamos perto do dia em que não haverá mais gelo no Ártico durante o verão, acredita o glaciólogo Waleed Abdalati, cientista chefe da Nasa.
Uma das grandes preocupações, diz Abdalati, é o impacto deste degelo no clima global. "Este gelo é um importante fator no clima em que a civilização moderna evoluiu˜, explica. "Não sabemos qual vai ser o impacto do degelo˜, complementa Wagner.
Os cientistas dizem que o gelo do Ártico ajuda a moderar as temperaturas do hemisfério norte no verão e no inverno. Um estudo publicado este ano no periódico Geophysical Research Letters ligou a perda de gelo no Polo Norte com a maior probabilidade de eventos meteorológicos extremos, como secas, enchentes e ondas de calor.
O gelo ártico também é essencial para ursos polares e outros animais.
Wagner diz que o degelo ártico acompanha outras mudanças, como a perda de geleiras no Alasca e Canadá, e degelo recorde na Groenlândia . Ali, as temperaturas foram de nove a 18 graus mais quentes que o normal neste verão e o gelo está refletindo menos calor -- ou seja, absorvendo-o -- do que antes.
"A tendência é o degelo continuar, porque a Terra está ficando mais quente", Scambos afirma. "Ano após ano, os recordes vão continuar… Não tem mais volta."
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