O
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o vice-presidente do Facebook
para a América Latina, Alexandre Hohagen, lançaram nesta segunda-feira
no Brasil uma ferramenta que permite ao usuário da rede social se
declarar doador de órgãos. Na prática, isso não muda em nada a regra de
hoje, e a decisão de doar continuará nas mãos da família. Por enquanto,
só conseguirá adicionar esse status de doador quem já aderiu à "linha do
tempo" do site, versão mais nova e completa de perfil
de usuário. Mas nas próximas semanas a empresa migrará compulsoriamente
o perfil de todos os usuários que ainda não usam o novo formato.
Mesmo assim, o ministro defendeu
que o Facebook servirá como "mais um instrumento para que se possa
deixar claro em vida a parentes e amigos o desejo de ajudar". Padilha
afirmou ainda que, com essa ação, quer promover um burburinho em torno
do assunto e aproximar o tema dos jovens, maioria entre os que navegam
no Site.
A ferramenta já foi lançada nos Estados Unidos em maio e começa a se
espalhar por outros países. Mas esta é a primeira vez que um governo
federal se engaja na divulgação - e com direito a confecção de camisetas
do ministério personalizadas com "joinha", em alusão à opção "curtir"
do Facebook.
Para ativar a nova ferramenta, o
usuário deve acessar sua "linha do tempo", clicar em "evento
cotidiano", selecionar "saúde e bem-estar", optar por "doador de
órgãos", escolher o grau de privacidade e salvar. Enquanto incentiva a
doação de órgãos via Facebook, o Ministério da Saúde comemora os novos
dados: o número de transplante no Brasil aumentou 37% nos primeiros
quatro meses deste ano em relação ao mesmo período de 2011- 7.993 contra
5.842 procedimentos. Nesta mesma comparação
de tempo, o número de doadores também cresceu 29%, atingindo a média de
13,6% doadores por milhão de pessoas. Essa porcentagem supera a meta da
Pasta, marca esperada só para 2013. No ano passado, o índice era de
11,4 doadores por milhão de pessoas.
Entre os órgãos, o destaque vai para os transplantes de coração, que aumentaram 61% de janeiro a abril deste ano, comparando-se
com o mesmo período do ano passado. O transplante cardíaco era o que
apresentava o crescimento mais tímido, devido à complexidade da operação
- o órgão suporta apenas quatro horas fora do corpo humano, o rim, por
exemplo, suporta até 36 horas.
O ministro credita esses avanços aos
investimentos feitos por sua Pasta. Especialmente pela criação de novas
Organizações de Procura de Órgãos e Tecidos, os chamados OPOs, que no
ano passado eram dez e, este ano, são 62. Essas associações capacitam
profissionais, divulgam informações e mapeiam a existência de doadores.