Brasília – A formalização entre empregados domésticos não chega a 40% em
nenhum dos estados brasileiros. Apesar dos dados do relatório Perfil do Trabalho Decente no Brasil: um Olhar sobre as Unidades da Federação,
divulgado hoje (19) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT),
indicar que houve avanços na formalização dos trabalhadores do país –
que chegou a 53,6% entre 2003 e 2010 –,
o acesso à proteção social, a benefícios e à Previdência não atingiu os
trabalhadores domésticos – ocupação que inclui empregadas, diaristas,
jardineiros, motoristas, entre outras funções.
São Paulo é o estado onde há o maior índice de formalização, com 38,9%
dos trabalhadores domésticos com carteira assinada, seguido por Santa
Catarina (37,6%) e Distrito Federal (37%). No Amazonas, no Ceará e no
Piauí, o índice de formalização não atinge 10% dos empregados domésticos
– 8,5%, 9,3% e 9,7%, respectivamente.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), usados pela OIT
no estudo, há 6,9 milhões de trabalhadores domésticos entre 16 e 64 anos
no Brasil, dos quais cerca de 93% são mulheres – o que corresponde a
6,4 milhões de pessoas. Desse total, 61,9% são negras.
José Roberto da Silva, 40 anos, trabalha há 25 anos e não teve carteira
assinada por 15 anos. Segundo ele, sua formalização foi feita por meio
do incentivo dos patrões.
“Trabalhar dentro do que a lei garante traz mais conforto, segurança e a
garantia de um trabalho mais digno, com aposentadoria. Todos os
trabalhadores deveriam buscar emprego com carteira assinada”, disse José
Roberto.
De acordo com a diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo, constata-se que
os trabalhadores domésticos não têm os mesmos direitos que o conjunto
dos outros trabalhadores assalariados do país.
“Houve aumento de formalização entre esses empregados, mas em ritmo inferior ao restante do mercado de trabalho”, informou Laís.
Desde 2010, tramita no Congresso a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) 478/10, a PEC das Domésticas, que tem o objetivo de reduzir a
informalidade no setor e ampliar o direito dessas trabalhadoras.
De acordo com a proposta, os empregados deverão ter direito ao Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), limitação de jornada de trabalho,
recebimento de hora extra e adicional noturno, férias, décimo terceiro
salário, entre outros benefícios. A PEC ainda não foi aprovada porque
não houve definição quanto ao número de dias de trabalho que
caracterizarão o vínculo empregatício, o que atinge especialmente os
empregados diaristas.
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