terça-feira, 20 de novembro de 2012

135 mil brasileiros têm o vírus da Aids e não sabem ser portadores.

Ministério da Saúde quer aumentar teste rápido do HIV em que o resultado sai em 30 minutos. Atualmente, diagnóstico precoce atinge menos de 40%


20 de Novembro de 2012 -  O governo federal divulgou nesta terça-feira (20) o novo boletim de casos de Aids no Brasil e alertou que 135 mil pessoas são portadoras do vírus HIV, causador da doença, mas desconhecem o diagnóstico.
Os “pacientes invisíveis” da epidemia são uma estimativa do Ministério da Saúde que os considera mais vulneráveis às sequelas da contaminação.
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Entre os malefícios do desconhecimento estão o maior risco de doenças pulmonares, como a tuberculose, e da falência do organismo. Além disso, os "invisíveis" ampliam o risco de contaminação de outras pessoas, já que podem não usar camisinhas nas relações sexuais, a principal forma de transmissão da doença.


Para reverter o cenário, o Ministério quer incentivar os testes rápidos que confirmam a presença do vírus no organismo.
Com apenas uma gota de sangue colhida, o resultado do teste rápido sai em 30 minutos. A pessoa recebe aconselhamento antes e depois do exame, e em caso positivo, é encaminhada para o serviço especializado.


“Quando o diagnóstico é precoce é bom tanto para o indivíduo quanto para a coletividade”, afirmou o secretário de vigilância de doenças do Ministério, Jarbas Barbosa.
“Isso porque, temos um estudo que mostra que após seis meses de tratamento com os medicamentos específicos – chamados de antirretrovirais – 73% dos pacientes têm a carga viral zerada”, explicou Jarbas ao ressaltar que “carga zero” indica menos risco de doenças oportunistas ao infectado e menos risco de transmitir o vírus a outra pessoa.
Pelos novos dados apresentados, no Brasil, a estimativa é que 530 mil pessoas sejam portadoras do vírus HIV, sendo que 217 mil estão em tratamento. O restante ou não tem indicação de terapia medicamentosa ou não sabe fazer parte da epidemia nacional.
Outro número do boletim é que apesar da detecção precoce da aids ter sido ampliada nos últimos 5 anos, atualmente menos de 40% recebem o diagnóstico em uma fase em que o arsenal terapêutico é maior.
São 36,7% de pessoas que recebem o resultado positivo em uma etapa em que a carga viral do HIV é mínima, o que aumenta a eficácia dos remédios e também a chance do portador ter uma vida praticamente normal (em 2006, este índice era de 32%).
O diagnóstico tardio – em que a possibilidade de controle da aids é remota – afeta 29,2% dos novos casos brasileiros, o que indica que quase três em cada dez pessoas descobrem a doença já com o organismo severamente comprometido pelo HIV.

Campanha
 
“Com este cenário, escolhemos como tema da nossa campanha de 2012 a frase ‘eu vivo com HIV e descobri em tempo de me cuidar’”, afirmou o diretor do Programa Nacional de Aids e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis e Hepatites Virais, Dirceu Grecco.
“Apesar do Dia Mundial de Luta contra a Aids ser celebrado mundialmente no dia 1 de dezembro, decidimos fazer uma mobilização antecipada a partir de hoje (terça-feira)”, completou. “Além disso, produzimos um filme com pessoas que são portadoras do HIV há muitos anos, trabalham, viajam, namoram e no depoimento dizem que só conseguem ter uma vida normal por conta do diagnóstico precoce.”

Foco
 
Segundo o ministro da saúde, Alexandre Padilha, a grande meta escolhida no controle da epidemia da aids é ampliar a detecção em fase inicial da doença e também ampliar as campanhas com os públicos considerados mais suscetíveis à contaminação.
“Por isso antecipamos a mobilização. São 2.300 municípios envolvidos que vão organizar campanhas de testagem em postos fixos e móveis, divulgar a importância do sexo seguro e do uso efetivo do preservativo”, disse Padilha. “Nossos levantamentos mostram que 80% das pessoas afirmam que a camisinha torna a relação sexual protegida dos riscos de doenças, mas só 50% afirmam usar na primeira vez em que fazem sexo com qualquer parceiro”, completou.

Mortes
 
A aids já é considerada uma doença crônica e não mais uma sentença de morte como era no início da epidemia, nos anos 1980. Ainda assim, anualmente 15 mil pessoas morrem por conta da contaminação, número que permanece estável desde o ano 2000.
“No mundo hoje são 34 milhões de pessoas que convivem com HIV. No geral, temos 2,5 milhões de novas infecções por ano e acumulamos 1,7 milhões de óbitos”, lamentou Pedro Chequer, coordenador no Brasil da Unaids, entidade da ONU que estuda a aids.
“Avançamos muito nos últimos anos, mas ainda temos passos importantes para dar. O Brasil, por exemplo, estabeleceu como meta até 2015 contribuir para que o planeta alcance 15 milhões de soropositivos em tratamento”, completou Chequer.


Avanços
 
A principal forma de transmissão do HIV é a relação sexual sem camisinha e, por ora, não há cura para a aids. As pesquisas científicas avançam em direção a uma vacina preventiva contra o HIV mas os resultados ainda são provisórios. Outro recurso utilizado no País é o “chamado coquetel do dia seguinte da aids”. Todo dia, quatro coquetéis são distribuídos aos brasileiros.

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