Parainfluenza 5 tem potencial para ser usado como vetor para entregar vacinas contra gripe H5N1, HIV, tuberculose e até malária
29 de Novembro de 2012 -
Investigadores da Universidade da Georgia, nos EUA, descobriram que um
vírus comum em cães e inofensivo para os seres humanos, pode servir como
base para o desenvolvimento de novas vacinas.
O
vírus parainfluenza 5 (PIV5) provoca infecções respiratórias nos cães e
é utilizado para produzir vacinas para estes animais. Agora, os
pesquisadores afirmam que ele pode ser utilizado para proteger as
pessoas contra doenças para as quais não foi possível ainda produzir uma
vacina eficaz.
"Nós
podemos usar esse vírus como vetor para todos os tipos de patógenos
contra os quais a vacinação é difícil. Já desenvolvemos, com esta
técnica, uma vacina muito forte contra a gripe H5N1, e estamos
trabalhando em vacinas contra o HIV, a tuberculose e a malária", afirma o
investigador principal Biao He.
O
PIV5 não provoca doenças nos humanos, pois o sistema imunitário é capaz
de reconhecê-lo e destruí-lo. Ao colocar-se antígenos de outros vírus
ou parasitas dentro do PIV5, este torna-se um veículo de entrega que
expõe o patógeno ao sistema imunitário, permitindo que este crie os
anticorpos que irão proteger o corpo contra futuras infecções.
De
acordo com os pesquisadores, essa abordagem não só assegura a completa
exposição à vacina, mas também é muito mais segura uma vez que não
requer o uso de patógenos atenuados ou enfraquecidos. Por exemplo, uma
vacina contra o HIV entregue por PIV5 carregaria apenas as partes do
vírus HIV necessárias para criar imunidade, tornando impossível contrair
a doença através da vacina.
"A
segurança é sempre a nossa primeira preocupação. O PIV5 torna muito
mais fácil a vacinação sem ter de se utilizar patogénicos vivos", afirma
He.
A utilização de um
vírus como mecanismo de entrega de vacinas não é uma técnica nova. Em
experiências anteriores, os investigadores enfrentaram muitas
dificuldades. Se os seres humanos ou os animais já possuem uma forte
imunidade ao vírus utilizado para a entrega, a vacina não funcionará,
pois rapidamente será destruída pelo sistema imunitário. Imunidade
pré-existente ao vírus é a principal razão a maioria de essas vacinas
falharem.
No entanto, no
estudo atual os pesquisadores demonstraram que a imunidade ao PIV5 não
limita a sua eficácia como mecanismo de entrega, apesar de termos
anticorpos contra ele.
Testes
com camundongos mostraram que uma dose única de PIV5 protegeu os
animais da estirpe sazonal da gripe. Outra dose individual protegeu os
mesmos animais de laboratório do H5N1, vírus que provoca a chamada
'gripe aviária'.
Os
cientistas estão confiantes de que a nova abordagem pode servir como
excelente base para vacinas contra várias doenças, tanto em animais como
em seres humanos.
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